PROJETO TODAS AS CORES - 2ª Parte(1) - Descrição das Atividades

Ecologia Externa
Cyro Leão


Em novembro de 1998, foi realizado o 1º Projeto Todas as Cores, no Ineque. Na ocasião, o trabalho foi desenvolvido no pátio anexo a cantina. As crianças estavam curiosas, mas arredias. Sentaram-se em grupinhos e pouco participavam das atividades propostas. Havia uma caracteristica interessante: algumas crianças tiravam sarro dos que participavam, chamando atenção sobre si.

O tema abordado foi Ecologia Externa e a preservação da natureza e seus recursos naturais. O interessante do tema foi que ao termino do trabalho, ao visitarmos a escola, notamos que o que haviamos falado estava colado nas paredes da escola, pois alguns alunos tinham feito pesquisas sobre o tema. Tivemos atividades com música e as crianças foram convidadas a dançarem juntas, o que poucos participaram.

Neste ano, optamos por fazer nossa vivência em duas etapas. A primeira em sala de aula e a segunda no pátio e jardins da escola. O tema abordado este ano foi os quatro elementos da natureza e o respeito que devemos ter com eles - uma ecologia externa e interna.

Na preparação da sala retiramos todas as cadeiras e colocamos colchonetes no chão. Em uma colocamos os quatro elementos representados:

Terra - uma casa de João de Barro
Água - um copo com água
Ar - um incenso
Fogo - uma vela grande e amarela

Um CD com música indígena tocando durante toda esta preparação. Para verificação final da energia que estaria regendo o evento, consultamos as Cartas do Caminho Sagrado e a que saiu foi a da Visão, falando da Cura.

Havia na sala uma grande lousa e optamos por trazer uma mensagem aos alunos e desenhamos do lado esquerdo um Sol, no centro um globo terrestre e do lado direito a Lua e entre os desenhos foi escrito o texto da carta da Visão. Durante este período, já percebíamos o interesse das crianças em saber que horas ia começar o evento.

Na hora marcada, as crianças começaram a chegar, acomodarem-se e como a musica indígena ainda estava sendo tocada, alguns estavam de pé e dançando no centro. Para harmonizar o grupo, convidamos todos a se levantarem e a soltarem seus corpos ao som da música. Conseguimos a adesão de duas professoras ao evento.

Começa a sincronicidade dos fatos.

A Cibele fala do trabalho e cita o filme Star War, mas pronuncia Star Wash. As crianças riram e gozaram por ela falar errado. Aproveitamos a deixa e colocamos na lousa as duas palavras e falamos da diferença entre Star War (guerra nas estrelas) e Star Wash ( limpando as estrelas) e aproveitamos a deixa para usar os cohnecimentos da professora de inglês presente.

A palavra "Star" ficou em cima do planeta terra e ai fizemos uma estrela de 5 pontas em cada ponto cardeal. Fizemos uma análise sobre cada um dos elementos que estava na mesa. Falamos sobre sua importância em nosso planeta e onde se encontravam.

Terra - Como um João de Barro constroe sua casa.
Água - Importância e sua localização e a quantidade de água doce no planeta.
Ar - Usamos incenso e a visualização do ar através da fumaça.
Fogo - Acendemos a vela.

Neste elemento, mais presente e curioso, passamos por cada criança a vela acessa e pedimos para que eles colocassem sua palma da mão sobre a vela acessa e sentissem que tipo de sensação eles colhiam e, ao final, pedimos que cada um relatasse sua sensação. As observações foram as mais variadas e num dado momento um aluno fala de sua crença em Deus e de sua descrença nele. Pois, já havia feito um teste e não tinha sido atendido. Perguntamos qual foi o teste e disse: " Não tenho os rins e por isso quero um rim" . Sua colocação foi forte e a Cibele contou que a criança fazia hemodiálise três vezes por semana.

Aproveitamos para falar um pouco disso e refletimos sobre o fato, pois algumas vezes deixamos de olhar para o lado para ver como somos felizes e não sabemos. Observar e vê-lo falar da sua experiência foi muito forte e gratificante para o grupo.

Abrimos intervalo ( o interessante até aqui foi que as crianças ficaram atentas e dentro da sala de aula e apenas uma saiu neste período para ir ao banheiro). Durante o intervalo, fomos procurados por alguns alunos para informações adicionais e em especial pela criança com problema renal.

No retorno usamos a quadra e iniciamos por uma dança Txucaramã, onde todos dançamos dizendo as vogais de nossos nomes. Cantamos uma canção usada pelos povos da Lapônia, uma canção xamânica, que é cantada sempre que um guerreiro parte para uma grande conquita, que era o que cada aluno e, também, o Ineque estavam alcançando naquele momento.

Dividimos o grupo em dois e fizemos uma vivência nos jardins da escola.
Nos jardins, os alunos procuraram sentar-se no chão, nas pedras, nos troncos das árvores e procuramos cada um sentir o contato com a terra, sua humidade, seu cheiro, sua variação de temperatura ( retiramos um pouco do cascalho que a cobria). Enquanto isso, o outro grupo na quadra, tinha uma pequena vivência de Tai Chi Chuan com outra professora. Os grupos se revezavam e depois se juntaram para fazer em conjunto.

Fomos para sala de aula e cada um colocou sua experiência com a Terra, o Ar(cheiro), brisa fresca no local e um pequeno vento que soprava. As colocações foram surpresas para eles mesmo, pois sentiram, interagiram diretamente com a terra, sentiram seu cheiro, sua humidade e a sensação do contato direto com os elementos.

Para o encerramento, fizemos uma meditação ao som do tambor, onde cada criança escolheu um elemento para entrar em contato. Esta parte foi a mais dificil, pois era algo novo e diferente para eles, mas os resultados foram gratificantes em seus testemunhos.

Tivemos um avanço muito grande dentro deste projeto, o que nos encoraja a levá-lo para outros locais e difundir esta idéia. Neste ano, uma aluna Testemunha de Jeová participou, o que não ocorreu no ultimo evento. Nossa proposta sempre será divulgar a Paz, independente de religião, cor, raça ou crença. Paz é Paz em qualquer canto do planeta e do Universo.

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