Dra. Thaís Russomano - Parte 1


Nosso país tem profissionais em áreas pouco divulgadas, coisa que alguns países sabem fazer muito bem. Isto deveria ser um incentivo para que o ato de aprender despertasse mais interesse nos alunos e trouxesse outras opções, e maiores desafios. Conheci Thais Russomano, no 1º seminário Brasileiro em Educação Espacial, 1997, realizado no Auditório do ITA, em São José dos Campos. Doutora em Medicina Aeroespacial, passávamos horas conversando sobre a vida no espaço. Vou deixar que o texto fale por si mesmo, e que todos tenham a oportunidade de conhecer esta cientista brasileira que o mundo admira.

Como tudo começou....


Thais nasceu em Porto Alegre, mudando depois para  Pelotas onde passou sua juventude. Com cinco anos de idade seu interesse pelo espaço começou a partir de uma visita ao Planetário no Rio de Janeiro, e aos oito anos já inaugurava o  Clube das Crianças Astronômicas em sua cidade. Sua vocação já despontava, e tudo o que relacionava com a vida no espaço fazia parte do seu dia a dia, inclusive seu seriado preferido: Perdidos no Espaço. Com 10 anos já escrevia seu primeiro livro: “Três Crianças Falam de Astronomia”. Mas, a opção pela carreira em astronomia ainda demoraria alguns anos. Por ser muito jovem para morar sozinha no Rio de Janeiro, único estado no país onde se cursava Astronomia, com 15 anos optou pela medicina, que cursou na UFPEL (Universidade Federal de Pelotas). Após se formar médica fez mestrado nos EUA e doutorado na Inglaterra, ambos na área de medicina aeroespacial. Ela é a única pessoa na América Latina com um PhD em Fisiologia Espacial .









Em 1999 criou o Centro de Microgravidade na Faculdade de Engenharia da PUCRS, com oito laboratórios nas seguintes áreas: Ciências Aeronáuticas, Engenharia Biomédica Aeroespacial, Fisiologia Aeroespacial, Farmácia Aeroespacial, Telemedicina , Biomecânica Aeroespacial, Fisioterapia Aeroespacial e Laboratório de Imagem. Como coordenadora conta com uma equipe de 100 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, inseridas na equipe através de convênios firmados com outras instituições de ensino. O objetivo do Centro é analisar os efeitos que o espaço causa no corpo humano, no coração, pulmão, ossos, músculo, e seu reflexo em pessoas que ficam em permanência prolongada no espaço; nele são realizadas diversas pesquisas com voluntários, que buscam contribuir com os estudos sobre a fisiologia espacial. Com a inauguração do novo Laboratório de Treinamento Fisiológico Aeroespacial(PUCRS), onde serão realizados cursos de extensão e especialização, bem como treinamento de profissionais ligados a aviação, amplia-se o estudo do funcionamento do organismo humano no ambiente aeroespacial e da adaptação do ser humano em ambientes extra-terrestres (como Lua e Marte)  campo das pesquisas em Fisiologia Aeroespacial.
Thaís é o maior nome da América Latina em Medicina Espacial, e única pesquisadora com PhD em Medicina Aeroespacial (Fisiologia Espacial) na América Latina. Ela divide-se entre a coordenação do Centro de Microgravidade na PUC, as aulas como professora convidada da King’s College (uma das mais prestigiadas universidades inglesas) e os estudos sobre os próximos passos do homem no espaço. Detentora de diversos prêmios internacionais e com mais de 200 artigos publicados acredita que, nos próximos anos, ocorrerá uma grande mudança na relação do homem com o espaço. “O turismo espacial vai injetar dinheiro e o espaço sairá do domínio das agências governamentais, afirma. “Está em curso uma nova era espacial”, garante. “Daqui a pouco, crianças estarão brincando em voos espaciais”, conta animada a pesquisadora. Seu conhecimento  a ligou à Nasa, Agência Espacial Norte-Americana, onde ocorriam algumas das aulas do seu mestrado. “Para mim, foi o máximo. Achava tudo espetacular. Hoje, a visão é mais real e menos fantasiosa. E cada vez mais produtiva”, assegura Thais, que já representou o Centro de Microgravidade da PUC em mais de 40 países.
Apesar do cosmo ser a sua maior paixão, Thais nunca foi para o espaço, mas não vê isso como algo impossível, já que o seu grande sonho é esse. Teve duas grandes e inesquecíveis aventuras, como passageira, por dois voos parabólicos realizados pela Agência Espacial Europeia. Cada voo, de três horas e 30 minutos, sobre o Atlântico, a 20 mil pés de altura (um pouco mais baixo que comerciais), projeta-se em 31 curvas parabólicas de um minuto cada uma, criando uma sensação de microgravidade semelhante à existente em naves espaciais. A experiência e os estudos da cientista renderam além de fortes emoções, dois trabalhos científicos com aplicações na Terra. Por sua orientação, foi instituída na Nasa uma dieta - café, fatia de pão com queijo e suco de laranja - mais uma leve medicação contra náuseas. O segundo estudo é sobre reanimação cardiorrespiratória em microgravidade. “-
Além da relação que Thais mantém com o espaço, ela também sustenta outra grande paixão: A escrita, ela é amante das letras e escritora dedicada. Russomano tem sete livros publicados e já prepara o lançamento do próximo, que será intitulado: “Culpa”, segundo romance da trilogia “Eternidade”, iniciada com “Traição”, lançado no final de 2010. O livro que encerrará a trilogia já tem nome, “Paixão”. Para a escritora a arte de escrever é simples, basta dedicação, “adoro escrever, criar histórias, os meus livros são dinâmicos, enxutos, com frases certeiras, assim como eu”, brinca.

Fonte: Thais Russomano



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